segunda-feira, 24 de março de 2008

Direitos Autorais 2.0 - Quem é que vai pagar a conta?

Muito tem se falado ultimamente de web 2.0, de revolução digital, de convergência, e principalmente conteúdo. Mas o que todos esses termos, muitas vezes, estranhos para o grande publico teriam em comum?

Temos muitos modos de avaliar essa questão; mas o que nos interessa nesse instante é como o conteúdo é criado, como ele passa por mãos de intermediários que se aproveitam muito dessa nova “galinha dos ovos de ouro da internet”, as conseqüências disso e onde fica o criador nesse bolo.

Era uma vez, uma época onde qualquer criador que fosse; escritor, compositor musical, artista plástico, fotografo, artista digital, cineasta ou roteirista, ganhava direta ou indiretamente, pelo que fosse produzido como conteúdo de sua autoria. Esses profissionais já foram muitos respeitados na sua época, pois eram especialistas naquilo que produziam; o pintor pintava quadros e, era contratado para fazer isso, bem como os fotógrafos, compositores, etc.

Mas isso foi há muito tempo, antes do termo internet ser moda, quando tínhamos a web 1.0 e nem se imaginava o que a web 2.0 e a 3.0 iria mudar tanto a vida desses pobres profissionais. Em 2010 quando começou a popularização da tecnologia 3G e Wi-Max e todos os habitantes do planeta tinham seus celulares de 5 geração, eles começaram a ficar obsoletos por tentar continuar com a utopia de não aderirem à tecnologia.

Foi a extinção dos verdadeiros artistas, pessoas dedicadas a estudar um só oficio que era considerado talvez os mais nobres: o de criar a arte, entreter e emocionar as pessoas.

Mas é claro que alguns tentaram avisar o que estava acontecendo, muitos conseguiram olhar nessa mudança drástica de valores uma possibilidade de se adaptar, como aprendemos com Darwin, mas muitos sucumbiram a essa “desgraça” chamada web 2.0.

Mas quando e onde começou isso?

Onde? Não sabemos reconhecer ao certo, pois naquela época, o mundo já estava praticamente “globalizado” e as novidades eram criadas em qualquer lugar do mundo e espalhadas na velocidade de um click. Quando? Talvez possamos associar ao ano de 2008, época que o 3G chegava definitivamente ao Brasil.

E, Por quê?

Nessa época, borbulhavam os sites interativos como You Tube, Flickr, My Space, blogs, miniblogs, e a palavra interatividade, era a moda no meio de TI. O caminho que todas essas ferramentas levaram, era meio nebuloso para a grande massa, mas para as empresas estava clareando e parecia bem atrativo: Quando qualquer pessoa com seus celulares em punho poderiam criar praticamente qualquer tipo de conteúdo como fotos, vídeos, música e textos, e essas ferramentas davam o publico o poder de compartilhar isso em tempo real e de graça, estava criado a indústria do conteúdo gratuito de baixa qualidade(em termos técnicos)!

Desde o momento que qualquer um pôde ficar famoso, a qualidade do material tornou-se menos importante, tanto quanto quem o criara.

Claro que houve resistência por parte dos artistas, mas ai veio um tal de Creative commons e mudou a vida dos criadores. A intenção do Creative commons quando foi criado era de facilitar o compartilhamento de conteúdo entre as pessoas, facilitando a distribuição de obras e informação, nobre intenção. Mas muitos “empreendedores” viram aí uma possibilidade de lucro praticamente infinita. Com essa licença, a distribuição de conteúdo de qualquer espécie ficou bem mais dinâmica e desburocratizada. Ótimo para o artista! Sua divulgação era facilitada e ele poderia ainda se privar dos direitos patrimoniais de sua obra, ou seja, abrir mão dos direitos ($$$) de execução pública de sua obra no caso da música, da distribuição no caso de textos ou livros, do direito da imagem no caso de artes visuais (artes gráficas, fotografia), etc.

Mas no fundo quem lucrava com isso?

Ora! As empresas de celulares, que negociavam com os portais de conteúdo que eram os grandes detentores de todo esse banco de dados criado a qualquer instante em qualquer lugar! O publico já havia se acostumado bem a não pagar por nada, seja por musica, por vídeos ou o que quer que seja conteúdo. As ultimas empresas como gravadoras, produtoras de cinema davam seus últimos suspiros antes de cair para sempre, ou se adaptar a essa nova realidade com uma receita infimamente menor ao que estavam acostumadas.

E aquele grande artista que estava acostumado com discos de platina, de ouro e de grandiosos shows, tinha que se deparar com uma concorrência antes nunca temida; com aquela bandinha de amigos que aprendeu a tocar a 6 meses que se juntaram para “tirar uma onda” no You Tube, e por causa de algum respeitado blog fazer um comentário, ficaram famosos! Mérito da Bandinha! Que com um custo praticamente zero (0) conseguiu atingir talvez, o mesmo contingente de expectadores daqueles “consagrados” que já tocaram muito e fizeram uma carreira de sucesso às duras penas.


Blog Memórias da Internet Brasileira - São Paulo, 2025.


Esse texto acima é uma obra de ficção mas, pode ser que no futuro, não seja. É época de avaliarmos nossos conceitos em relação do que fazemos, do que criamos e qual é o valor disso. Se não começarmos a pensar nisso com a seriedade que esse assunto deve ser levado, tendemos a mediocridade e a falta de estimulo por conteúdo de qualidade. E não são apenas os que apóiam essas idéias acima, mas todos que vivemos nesse mundo em constante transformação, sofreremos com isso.

Já se fala em Revolução da Revolução, com a velocidade que as transformações estão ocorrendo!

Seria uma Revolução 2.1 ?


Abraço a todos!

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